quinta-feira, 29 de julho de 2010

Letal


Você pode me ouvir?
Tente.
Onde estou mora um lago, mora um frio.
Abafado ou escuro.
Quero que se aproximem.
Sintam-se capazes de me ouvir.

Pode me ouvir, Deus?
Eu tento.

As primeiras manchas dessa tarde são destinadas.
Cada tarde tem uma mancha dedicada.
Espero uma que não se sinta comprometida.
Controlo-me.
Mas as noites, os dentes e as estações insistem em me equilibrar em seus vazios.

Quando haverá manhãs?
Hoje ninguém sabe.
Continuo buscando vozes
Essas que vêm à noite
Também quero que se aproximem.
Sem nem mesmo saber seus nomes, eu tento.
Desvio-me e me aproximo.

Não a temo
Quero. Cada segundo, cada chão.
Eu amo a querida...
Noite.

L. H. Figueiredo

Um comentário:

  1. Lucas, querido, você tem um modo de dizer que faz com o tempo pare. Um modo perplexo, muito parecido com o de um grande poeta mineiro: Emílio Moura. Sinto que é como um estar sempre em busca de algo que não se sabe ainda, mas que existe. Me identifico muito com seus versos. Principalmente os versos. Abraço!

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