terça-feira, 27 de abril de 2010
Amigos
Nessa ânsia de amar, nós nos esquecemos da nobreza de cada outro sentimento.
O amor é a virtude de algo tão divino quanto um olhar com brilho de quero mais.
Quando olho no rosto de um amigo, sinto a segurança que não tive nos olhos de um pai, ou a pequena felicidade que às vezes esqueço que existe em um sorriso. A amizade provém de infinitas coisas, um aperto de mão, um olhar, um abraço.
Eu encontro um amigo pela breve felicidade que me dá ao ver seus olhos. Eu procuro amigos que me façam sentir que eu posso ser um diabo... sem que eu deixe de ser um santo. Meus amigos me querem não só pela felicidade do meu sorriso, mas pelo calmo som de tristeza que às vezes sai da minha mudez. Minha pupila julga pessoas que eu não espero julgar, amigos que eu não espero deixar, amores que espero que não se vão quando o sol se for. Quando sorrio me sinto fazendo a coisa certa a se fazer.
Amores vêm e vão... Amigos nos ajudam a superar amores.
Amores nos fazem sofrer... Amigos nos ensinam que nós podemos lidar com o sofrimento.
Amores são passageiros... A gente aprende com o passar do tempo que amigos podem parecer passageiros depois de dois anos de distância, mas um minuto com eles nos prova o contrario.
Amores são tristes... Amigos nos mostram sentimentos que nunca pensamos que existiriam.
Amores são breves... Amigos são curtos para o pouco tempo que é a eternidade.
Eu amo meus amigos, sim, mais que a loucura de viver, pois sem eles eu não viveria essa loucura, eu me tornaria só mais um louco sem vida.
Lucas Henrique Figueiredo
À nyna
Ainda assim morreria por você
Morro a cada segundo,
Quando distante do seu rosto delicado,
De seus cabelos inconfundíveis,
De suas unhas ao acariciar, mesmo que de modo distinto,
A minha face sempre cansada dos sonhos.
Morrerei diante de um céu,
Suspenso por pegadas transcritas no solo,
Carregadas de pequenos universos.
E quando sair, não sei para onde,
Haverá novas manhas, novos sonhos, novos abraços,
Serão novos tempos, e assim sempre.
Mas quando você morrer,
Se minha alma ainda estiver lá, junto ao meu físico,
Morrerei junto.
Acabará o céu, os abraços, os sonhos,
E os sempre novos e cansados beijos de boa noite.
Lucas Henrique Figueiredo
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Analgésico
É fim de tarde, as pessoas lá embaixo estão chegando do expediente, eu deveria estar no meio delas mas as coisas para mim não são como deveriam ser.
Era um dia comum, como a maioria dos últimos dias. O telefone tocou, eu sabia que era impossível mas, atendi ansioso e com esperança e, claro, não era ela. A realidade foi se apoderando cada vez mais de mim, junto à solidão, ao desespero e às lágrimas; não suportei, desliguei o telefone, os sentimentos falando mais alto, peças inocentes recebendo a minha raiva e o meu medo, resolvi fugir, abri a porta e subi até o décimo quarto andar, o ultimo, o andar dos desesperados, dos ignorantes, dos desgraçados.
É agora. Meus atos já não me pertencem mais. Nunca parei para pensar como os residentes do décimo quarto andar _ que para muitos era sinônimo de analgésico _ se sentiam. Agora eu sei. A cidade é pequena... muitos carros chegando... tudo irá continuar sem mim.Me sentirei melhor. Até daqui a pouco meu amor.
Lucas Henrique Figueiredo
Saudade
No interior de um mundo submerso a pesos
Estende-se um longo caminho movimentado
Movido por tufos de objetos e laços
Por pessoas, matérias, e até outros seres.
Levado por uma longa caminhada de outono
Por folhas, se estende uma melancolia borrada
Por grandes árvores vermelhas em todo o período
A palavra esconde a base do percurso: amor.
Um sopro clandestino aterroriza o movimento parado
Pessoas de alto nível camingular vão para longe
Por sorte objetos são transferidos para outros
Na placa a frente um nome sutil: saudade.
Lucas Henrique Figueiredo